quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A crise econômica espanhola, a greve dos trabalhadores e a possível ascensão do direitista Partido Popular

Não houve vitoriosos nem vencidos na contabilidade da Greve geral convocada pelas duas maiores centrais sindicais espanholas, a Unión General de los Trabajadores (UGT) e Comissiones Obreras (CCOO).  Mas é verdade que, embora de pouca efetividade prática, a greve ocorrida dia 29 de setembro ajuda a enterrar ao Governo de Luiz Rodriguez Zapatero e o Partido Socialista Obrero Español (PSOE).
As motivações para a existência da Greve Geral ocorreram depois da aprovação da Reforma Trabalhista do Governo socialista de Luiz Rodriguez Zapatero. A gota d´água foi a aprovação da extensão idade mínima para aposentadoria integral, de 65 para 67 anos, embora existam outros pontos em que haja discordâncias entre Governo e Centrais Sindicais (que integram a base social do Governo e do PSOE).
As centrais sindicais também se anteciparam na indicação do que poderá ocorrer, caso o orçamento do Governo rebaixe os quantitativos de ajuda para os desempregados e para cursos de capacitação que possibilitam a entrada no mercado laboral. Os lideres das Centrais Sindicais dizem que esta Greve não pretendia derrubar ou mudar o Governo, mas para mostrar que os rumos da política/reforma trabalhista devem ser mudados.    
O fato é que as últimas sondagens de opinião apontam para uma diferença de quase oito pontos percentuais entre os dois maiores partidos da Espanha, com vantagem cristalina para o direitista Partido Popular, liderado atualmente pelo gallego  Mariano Rajoy.
A vantagem do Partido Popular se funda, sobretudo, na elevada taxa de desemprego, hoje varando entre 18 e 20%. Mas não é só isso: apesar dos esforços e investimentos públicos para amenizar os efeitos da crise mundial iniciada em Wall Street (EUA), o Governo espanhol conseguiu, no máximo, estancar o incremento de novas demissões. Elas continuam ocorrendo, mas, é verdade, com uma velocidade bem inferior à registrada em 2009 e ainda no início de 2010.
Soma-se a elevada taxa de demissões a dificuldade de milhares de jovens em conseguir o primeiro emprego. Ou seja, além das demissões ocorridas e ainda em paralisia reversiva, o Governo do Partido Socialista está acometido pela ausência de criação de oportunidades para o primeiro emprego.
O Governo espanhol encontra-se em situação de extrema dificuldade: ou implementa ações para a criação ou reversão do desemprego (tendo inclusive de lançar mão da diminuição de gastos sociais) ou pode se considerar afastado do Palácio da Moncloa, em 2012.
Para continuar com chances na disputa eleitoral, o atual governo tem apenas um ano e meio, até que novas eleições aconteçam. Zapatero conseguiu recentemente aprovar o orçamento para a legislatura, que estava emperrada por não ter votos suficientes no parlamento. Através de um acordo com o Partido Nacionalista Vasco (PNV) - lê-se Basco - conseguiu um suspiro e não foi forçado a convocar antecipadamente as eleições.
Se isso ocorresse neste momento, seria a consolidação de uma derrota que poderia ser considerada a mais volumosa desde o retorno da democracia em terras del Quijote.
Enquanto isso, no novo Continente e num país comandado por um torneiro mecânico detestado pela grande imprensa do eixo Rio/São Paulo, os índices de aprovação ao Governo chega aos 80%. É mole?  

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Operação Malayo: irregularidades em processos de urbanização pode levar 95 a cadeia

ilustração Alberto Pessoa
Prefeito, vereadores, técnicos das áreas de engenharia e arquitetura, empresários de vários setores e com mais ênfase na construção civil, num total de 95 pessoas, deverão  responder a processo por irregularidades urbanísticas. De acordo com os procuradores que analisam o caso há alguns anos, as ilegalidades são tão desproporcionais que inviabilizam o funcionamento do município.

Ainda de acordo com um dos procuradores que investiga o caso, as irregularidades possuem graus e tamanhos diferenciados e as propinas variam de acordo com a hierarquia estabelecida. No geral, tudo começa com o desejo de implementar espaços residenciais em áreas proibidas por lei. O proprietário ou empresário faz contato com alguns  integrantes da Prefeitura e entra com o processo para edificação de um condomínio fechado horizontal ou vertical.

Alguns funcionários são destacados para emitir parecer e a obra é deferida, apesar de estar configurada em local proibido por lei. No intuito de encobrir as irregularidades, o prefeito e secretários mais próximos refazem os mapas do Código de Urbanismo, sem que haja autorização do parlamento.

Feito o trabalho sujo de aprovação das edificações urbanísticas em local impróprio, o prefeito, o secretariado e parte do corpo de técnicos da Prefeitura envolvidos com a corrupção, dividem o bolo. As propinas são cobradas de acordo com a área de preservação violada e do tamanho do investimento e valores que serão cobrados pelos imóveis (casas ou apartamentos). 

Calcula-se que milhões de dólares já tenham sido desviados da receita municipal  para os cofres dos integrantes da rede de Corrupção. A Prefeitura de Marbella, em Málaga/Espanha está fechada há um ano por insolvência. Para entender o caso acesse:

sábado, 25 de setembro de 2010

Promessas de Campanha, cálculos equivocados e excessiva soberba



As promessas de campanha mais inusitadas estão pipocando nesta reta final das campanhas para a Presidência da República e para os governos estaduais. Vídeo, postado na página conversa afiada (http://www.conversaafiada.com.br), do jornalista Paulo Henrique Amorim, mostra José Serra, candidato à Presidência da República pelo PSDB, tentando ensinar à crianças  como calcular percentagem e incorrendo em erros que nem o mais despreparado colegial cometeria. Confira a proesa clicando no lin abaixo:
Assim como fez Serra prometendo aumentar o salário mínimo para 600 Reais, outros candidatos aos executivos estaduais estão ecoando propostas mirabolantes. Na Paraíba não é diferente. Há quem prometa carteira de carteira de motorista grátis a dentadura. Tudo na conta do contribuinte. O problema é que muitas das vezes as contas não batem e a tendência é a falência dos cofres públicos. Mais e pior que isso: uma vez implantada esta classe de benesse não se consegue jamais retirá-la, já que causaria um desconforto eleitoral ao proponente.
 Aliás, prestem atenção como as propostas de escolas técnicas, de extensão de bolsa família e outras promessas do gênero são parecidas com um ou outro candidato ao governo da Paraíba, mesmo quando se dizem eleitores da candidata petista Dilma Roussef.
Os soberbos que se dizem preparados para governar o país ou a Paraíba se parecem muito quando da apresentação das propostas.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A Igreja Católica, os escândalos de pedofilia e D. Aldo Pagotto

Ilustração Alberto Pessoa
A visita do Papa Bento XVI a Inglaterra, dias 20 e 21 de setembro, foi precedida de uma série de protestos de familiares de jovens abusados sexualmente por religiosos integrantes da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana. O Papa adotou o repetido pedido de perdão, mas até agora os crimes de natureza sexual praticados por padres, frades, cardeais, bispos e quase totalidade da hierarquia eclesiástica, não foram punidos como deveriam ser: com cadeia e indenizações para as vítimas e familiares.
Os líderes máximos da Igreja são sempre muito lentos quando têm que reconhecer os erros cometidos por seus membros. Durante vários períodos da história da humanidade a Igreja Católica atuou de forma nociva. Agora mesmo quando se opõe ao uso do preservativo para as relações sexuais está ajudando na proliferação de doenças sexualmente transmissíveis. Mas já foi pior, quando queimava quem não rezasse pela sua cartilha.
É neste cenário de complacentes pedidos de desculpas por parte do Papa Bento XVI às vítimas dos abusos sexuais que observo as discussões sobre parte respeitável de segmentos pedindo afastamento do arcebispo da Paraíba, D. Aldo Pagoto. Isso por conta das reações negativas por ele emitidas sobre ações como o grito ou marcha dos excluídos. Sinceramente, acredito que a Igreja deve cuidar das almas, dos espíritos, mas, sobretudo, da preservação da vida digna, da cidadania plena. E é por isso que lutam os que se somam aos excluídos para, com eles, se fazerem ouvir.
Outro discurso arcaico e que demonstra incongruência de D. Aldo é o de que religiosos não podem nem devem estar envolvidos com a política e com as eleições. A Igreja e os seus (quase sempre) fizeram isso e, pior, em conformidade com as elites, com o poder. Os exemplos históricos estão à disposição de qualquer cidadão, seja na Paraíba, seja em qualquer país de tradição católica.
Arcebispo D. Aldo Pagotto
O próprio D. Aldo Pagotto participava de comitivas de políticos em um período bem recente. Quem não lembra da proximidade com o governador cassado, Cássio Cunha Lima. Chegou inclusive a pronunciar discurso de reprovação a maior Corte de Justiça do país, o Supremo Tribunal Federal (STF), pela cassação de Cássio Cunha Lima.  Para quem não recorda é só buscar nos arquivos dos jornais a sua ida ao sertão da Paraíba em defesa de determinado agrupamento político. Ao que percebo, D. Aldo reivindica para si o exclusivo direito de fazer política.
Sempre estranhei suas atitudes e, foi a partir de seu discurso conservador que resolvi buscar informações sobre este líder religioso que sucedeu a tão brilhantes Arcebispos na Paraíba, como o foram D. José Maria Pires e D. Marcelo Carvalheira.
E foi por acaso que descobri a passagem de D. Aldo pelo interior do Estado do Ceará, num livro publicado pela Embratel (uma publicação dedicada aos prêmios e premiados da imprensa brasileira). Nele é possível encontrar a referência ao prêmio de caráter regional (Nordeste), a reportagem intitulada "Pedofilia". Trata-se de uma série de matérias publicada no Jornal O Povo, de Fortaleza/Ceará (ver imagem abaixo).
De que trata as reportagens publicadas nos dias 12, 13, 28/03 e 17/04 de 2002? De abuso sexual em um lugarejo chamado Santana do Acaraú, nas proximidades de Sobral. As reportagens mencionam a denúncia de coação sofrida por quatro garotas e cujo autor (da coação) teria sido o bispo D. Aldo de Cillo Pagotto. Ainda segundo a reportagem as garotas expuseram ao delegado Aurélio Araújo que haviam sido convencidas, por D. Aldo, a declarar que seduziram ao Frei Luiz Thomaz, na tentativa de amenizar as acusações de abuso sexual a um total de 19 meninas.
 A mesma infração que pôs em evidência as entranhas da Santa Madre Igreja Católica e que envolve crianças e jovens em quase todos os continentes. Não vou nem quero fazer afirmações sobre responsabilidade ou culpabilidade do Arcebispo da Paraíba. Mas é importante tornar público este conjunto de reportagens premiado nacionalmente, que traz a relação entre Igreja, a pedofilia e a intervenção de D. Aldo, no Estado do Ceará.
Desde já deixo claro que não quero promover a formação da opinião sobre a conduta do Arcebispo da Paraíba. Quero apenas que os cidadãos paraibanos conheçam a história narrada pelo Jornal O Povo e que foi reproduzido pelo livro publicado em decorrência do Plano Embratel de Jornalismo, em 2002.
Em tempo: li e não gostei do tom de comentários publicados em um dos blogs da Paraíba sobre a conduta política do deputado petista Luiz Couto e a sua vida íntima. Entendo que as argumentações, da forma como foram publicadas, não são éticas nem politicamente corretas.
Uma coisa é criticar o deputado Luiz Couto por conta de suas infidelidades partidárias ou sua postura pouco recomendável de fazer política (me refiro a que integre o Partido dos Trabalhadores, que possui um candidato a vice-governador democraticamente escolhido e faça campanha para os opositores em nível estadual e nacional). Até aqui concordo com as ponderações.
A outra é tecer insinuações a intimidade do padre Luiz Couto, com ou sem o consentimento e aprovação da Igreja Católica.  Faço questão de deixar claro minha opinião e minha irrestrita solidariedade ao padre e deputado federal Luiz Couto sobre os demais comentários que envolveram sua vida íntima e pessoal.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Professor da UFPB e pesquisador das HQs diz porque não vota em Ricardo

Recebi o texto abaixo (via email) do professor do Departamento de Mídias Digitais da UFPB, Dr. Henqique Magalhães, pesquisador e autor de  "Maria" de um dos quadrinhos mais engajados do Estado. Magalhães, pode-se dizer é um dos personagens de nossa terra envolvido com a produção cultural e parece ter opinião bastante próximas das que esbocei neste mesmo dia.
Derval


Mandei o texto abaixo em resposta a uma carta que recebi, de uns militantes em apoio a Ricardo Coutinho. É isto o que tenho a dizer destas eleições (se achar que vale a pena, pode reproduzir). 
Abraço, Henrique

Por que não voto em Ricardo


Sem dúvida, Ricardo foi um bom prefeito de nossa cidade, mas temos que considerar umas coisas, antes de lhe declarar o voto incondicional e entusiasta. Para se eleger prefeito, Ricardo escorou-se na popularidade e força política de Maranhão, o que foi lamentável (uma prova de falta de ousadia política e de confiança em si mesmo). Hoje os que defendem a candidatura de Ricardo Coutinho ao governo execram Maranhão como sendo o que há de pior na política, como se o estado fosse afundar com ele, como se não fosse possível sobreviver a mais quatro anos do atual governador.

Se essa associação espúria já era condenável, embora tolerada por muitos em nome do girassol radiante de Ricardo, imagine agora, que trocou o ruim pelo nefasto, associando-se ao que há de mais reacionário e fisiológico na política paraibana, pelo que representa as oligarquias e o novo-coronelismo! Juntar-se a um ex-governador cassado é estar de mãos dadas com um político desonesto, e não era isso o que se esperava de Ricardo, até então um político íntegro.

Seria melhor que Ricardo tivesse continuado na prefeitura, honrando o mandato que o povo lhe confiou, em vez de se jogar em aventuras políticas desastrosas e que só servem para desonrar seu nome. A ambição de querer levar, neste momento, os benefícios executados na capital para todo o estado expõe não só a falta de visão estratégica como o egocentrismo de um político que troca os pés pelas mãos, que na ânsia de poder transformou sua história numa “galinha dos ovos de ouro”.

Henrique Magalhães



Porque não votaria em Ricardo Coutinho em 03 de outubro

As várias explicativas a esta afirmativa, mesmo que em forma condicional, antes de tudo, devem ser precedidas de um histórico: fui um dos mais antigos eleitores e colaboradores do então presidente do Sindicato do Farmacêuticos da Paraíba, Ricardo Vieira Coutinho, e desde então participei, com ele, Ivanildo Brasileiro (hoje Vigilância Sanitária de João Pessoa) de vários embates no campo sindical. Concomitantemente as viagens pelo sertão da Paraíba (no intuito de implantar o Sindsaúde e fazer frente a um dos governos mais desgastantes para com o setor (que o foi o de Ronaldo Cunha Lima) ensaiamos os primeiros passos para uma possível candidatura de Coutinho a deputado estadual.

A disputa foi perdida, mesmo com a ajuda dos integrantes da “Causa Operaria” de Lourdes Sarmento e Luiz Júnior (chefe de gabinete do reitor Rômulo Polari). Poucos lembram esse tropeço eleitoral de Ricardo Coutinho. Mas, mesmo na adversidade da derrota nas urnas estava alicerçada a candidatura para uma das vagas na Câmara Municipal de João Pessoa. A esta nova fase da política partidária, somaram-se outros tantos, entre eles, o professor Nelson Lucena, o ex-funcionário da Assembléia Legislativa (hoje juiz de Direito), Francisco Lianza.  Éramos poucos e nos reuníamos no então apartamento de dois quartos de edifício Piracicaba (se não me engano), no Jardim Cidade Universitária, Bancários.
Nesta fase inicial, é importante deixar claro, nossos maiores adversários estavam no interior do Partido dos Trabalhadores. Eram eles: Luis Couto, Júlio Rafael (que depois seria alcunhado de Judas Rafael por Coutinho), Chico Lopes, Avenzoar Arruda, Anísio Maia, Agamenon Vieira, Derly Pereira, entre outros de menor monta. Os recursos para tocar a campanha eram minguados, mas sobravam entusiasmo e perseverança. Ricardo foi eleito a primeira vez com mais de 1.300 votos, que significou ser o mais votado entre os três eleitos pelo PT.
As vitórias eleitorais que se seguiram estão mais presentes na memória de jornalistas, militantes, integrantes do novo partido, o PSB, etc. Esta rememoração é importante para que não digam que estou sendo comprado (virou moda entre os que integram a militância de Ricardo Coutinho) e para deixar claro que não sou um estranho ou noviço nesse ninho. As boas considerações só se efetivam com a adesão, nunca com divergência.
Realizado este breve histórico permito-me elencar as razões, para, se estivesse na Paraíba por ocasião da eleição, em 03 de outubro, não votar em Ricardo Coutinho. Vou começar pelas motivações mais recentes (algumas me causaram um profundo estranhamento entre o personagem que conheci no princípio da carreira política e o atual candidato ao Governo do Estado). Passemos a elas:
1)    Pela recente aliança com as forças mais atrasadas do Estado, Efraim Morais e os hereditários Cunha Lima. É importante deixar claro que aposto num projeto de Brasil e entendo que a Paraíba não é uma ilha. É impossível dizer e se fazer entender que vota e torce por Dilma e Lula e, ao mesmo tempo tentar levar dois senadores que fazem oposição (um deles inclusive com demonstração de oposição irresponsável) a um plano de governo que tirou da pobreza milhares de brasileiro, que consolidou o país como uma economia pujante, que possibilitou milhões de empregos com registro no mercado laboral, que está investindo fortemente nas universidades públicas, etc.;
2)    Pela arrogância e prepotência registradas no transcorrer do personagem Ricardo Coutinho. Conheci o antigo e não reconheço o atual. Sei que as liturgias do cargo nem sempre são bem entendidas e, em alguns casos podem parecer arrogância. Mas não me refiro a esta possibilidade de confusão. Falo da possibilidade de entender quem possui idéias e pontos de vista diferentes. Veja o caso do ativista cultural, Flávio Eduardo Fuba. Se não estás comigo é porque recebeu propina, foi comprado, etc. Claro que isso “não saiu da boca do candidato Ricardo Coutinho”, mas em nenhum momento ele se opôs a este tipo de procedimento difamatório e se pronunciou pela liberdade de tomadas de decisão. Ou me segues ou tu és meu inimigo.
3)    Pela mudança de rumos na aplicação de políticas para o setor educacional e cultural. Não conheço nenhuma Biblioteca Pública Municipal que possa ser considerada como tal. Que política Cultural é essa onde não existem investimentos em bibliotecas públicas. Era o mínimo, Ricardo Coutinho, que deveria ser feito para o cidadão da Capital. OK, tudo bem!!! Vai dizer que existem praças, que é um espaço de integração e de cultura. Mas pelo menos um percentual do total das verbas investidas nas praças bem que poderia ter sido gasto com bibliotecas públicas. Tá bom, Ricardo, você pode até argumentar que falta dinheiro, verbas, recursos. Mas não é um contrasenso tantas praças e tão poucas (ou nenhuma biblioteca) pública? É muito circo e pouco pão para as almas e mentes. Vou ficar apenas com este exemplo, embora existam questões a serem expostas sobre as apresentações e cachês com bandas e personalidades da música nacional e local.
4)    Por não saber lidar com o contraditório. Não pensamos igual. Somos diferentes e há que respeitar as opiniões. Os “bons”, os “corretos”, os “decentes”, os “progressistas” não só o são quando estão ao meu (seu) lado. Eles existem em nas várias dimensões da política do Estado e do País e não somente quando concordam convosco. Entenda que Cássio, Luis Couto e outros eram tratados pelo então deputado petista, Ricardo Coutinho, da seguinte forma: “Só apoio uma candidatura nestas eleições que seja, verdadeiramente, de oposição ao prefeito Cícero Lucena. Este grupo que controla o PT, o grupo de Luiz Couto, nunca fez oposição ao PMDB do R (grupo Cunha Lima da qual o prefeito Cícero Lucena faz parte).”, Correio da Paraíba, p.05. 2000). Ou ainda: “Esta aliança em Campina fere a resolução do PT de ser contra quem apóia FHC, como Cássio. Depois, não se pode dar suporte a oligarquias que, há muito mandam na política do Estado” (Correio da Paraíba, em 24/02/2000). O que mudou, caro candidato? Existem outras pérolas mais agressivas. Estas, no entanto, revelam o que pensava o parlamentar Ricardo Coutinho de duas figuras que hoje gozam da sua mais alta consideração.
5)    Pelo abandono do Centro Histórico da Capital. Antes de ser prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho buscava levar os eventos e promoções para o Centro Histórico. É bem verdade que ainda no primeiro mandato realizou por lá várias atividades culturais. Mas, com a construção da Praça de Concreto do Ponto de Cem Réis o abandono veio de um só golpe. Aliás, alguém lembra onde anda o Projeto Moradouro (nome mais infeliz)? Não havia a iniciativa de tornar o Centro Histórico de João Pessoa habitado, vivo, utilizando os velhos casarios. Em que gaveta anda esse projeto que traria moradia para centenas de famílias?
6)    Pela forma consentida com que se liberam os loteamentos urbanos, principalmente em Zonas de Proteção Ambiental. Não é passivo de compreensão que Ricardo Coutinho fez vistas grossas para a efetivação de empreendimentos que tendem a impermeabilizar o solo em áreas próximas a rios e/ou córregos, e que, em alguns anos, ajudará nos alagamentos de alguns pontos da nossa Capital. Ou fez vistas grossas ou não tinha controle sobre seu quadro de secretários, entre eles os mais fieis.
7)    Pela forma superficial e apenas arquitetônica (de fachada) de tratar a Saúde. Não é a toa que o sarampo, que estava praticamente afastado da região, voltou. Alguém pode imaginar o que diria Ricardo Coutinho se a Prefeitura estivesse nas mãos do senador Cícero Lucena e um brote de sarampo acometesse a Capital.  Mas não é só isso e os graves problemas com saúde não são queixas infundadas da oposição. Eu mesmo estive com Ricardo Coutinho (ainda no primeiro mandato) e, como sempre costumava fazer, repassei pontos de vista e críticas a política empreendida para a área. Disse-lhe que precisava mudar o rumo da política de saúde, que o atendimento era péssimo (apesar das construções de alguns postos do PSS), que tive exemplos com pessoas próximas e que integram minha família. Ele simplesmente disse que era coisa da oposição, “que gostaria de ter um quadro de técnicos mais enxuto e que estava trocando pneu com o carro andando”.
8)    Pela folga como administrava alguns arroubos familiares. Nesta mesma reunião que tive com Coutinho e que mencionei acima, falei-lhe de uma de suas irmãs. Disse-lhe que a atitude dela em relação a uma prestadora de serviço da área de comunicação não estava de acordo com uma postura republicana: “com quem você pensa que está falando? Sou irmã do prefeito.” Esbravejava uma de suas irmãs quando da realização de uma das várias encenações da Paixão de Cristo, ainda no primeiro mandato. Ricardo disse que não acreditava e encerrou o assunto.

Por estes e tantos outros não votaria em Ricardo Coutinho

domingo, 19 de setembro de 2010

João Pessoa se disputa eleitoralmente em 2010

Os últimos movimentos do candidato ao Governo do Estado pelo PSB, Ricardo Coutinho, mostram que ele praticamente abandonou a eleição estadual e prioriza João Pessoa. As razões para tanto, apesar de negá-las e renegá-las, são os variados e insistentes resultados sobre preferência do eleitor das sondagens de opinião realizadas pelos institutos de pesquisa contratados por empresas de comunicação da Paraíba. 

 À militância, seguidores e simpatizantes perdura a cantinela e a injeção de possibilidades de vitória, desta vez animada pelo resultado da última pesquisa  Ibope, que estreitou a diferença de 23 para 17 pontos percentuais entre o candidato do PSB, PSDB e DEM, e o governador Zé Maranhão. As pesquisas que sempre foram depreciadas por Coutinho agora estão servindo para animar a militância.

Percebendo a impossibilidade de virada, Ricardo Coutinho quer, neste momento, manter a Capital como reduto seu, afastando a possibilidade de um aperto por mais “espaço” por parte dos que integram a bancada governista e uma debandada de vereadores. 

Para tanto, só mesmo uma vitória com uma vasta vantagem em votos pode estancar um processo que, após sua iniciativa de desfazer-se dos antigos parceiros e aliados e realizar um giro à direita, ganhou corpo e deve ser ampliada com a vitória de Zé Maranhão. Na perspectiva atual, Ricardo Coutinho não tem candidato com esteio eleitoral significativo para o próximo embate, ou seja, a Prefeitura de João Pessoa.

Ao preterir o mais preparado para a ocasião  – o  responsável pela boa visibilidade das ações do Executivo da Capital na primeira gestão, o então jornalista e secretário de comunicação, Nonato Bandeira, pelo arquiteto e secretário de planejamento, Luciano Agra – Coutinho pode ter assegurado subserviência e pouca sombra para os seus planos de manter-se como referência para a parte dos eleitores. Mas, seguramente, colocou um técnico que fala com dificuldade, tem discurso pouco efetivo e titubeante, refletindo na imagem de um prefeito vacilante e de poucas possibilidades de enfrentar um adversário como Manoel Júnior ou Cícero Lucena.

Portanto, a derrota anunciada de Ricardo Coutinho ao Governo do Estado (tendo sempre como referencia os resultados das pesquisas eleitorais dos vários institutos que atuam nas eleições 2010) levará inevitavelmente a disputa para a Prefeitura Municipal de João Pessoa, tendo a Câmara Municipal  como estopim do processo. Esta é a razão para o fervor de investimento no eleitorado da Capital. A eleição que se disputa neste momento não é mais a de governador, mas a dos redutos eleitorais das duas maiores e mais importantes do Estado: João Pessoa e Campina Grande. Os atores em uma e outra são diferentes, mas as motivações são as mesmas.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Europa: volver à direita

A expulsão dos ciganos de origem romena e búlgara do território francês é mais uma demonstração do recorte ideológico à direita que atinge o continente Europeu. A França, de Nicolas Sarcozy, argumenta que a ação tem respaldo legal e tenta impedir a concentração de ilegais. A atitude do governo francês possui antecedentes com as posturas dos ultra direitistas Jorg Haider (Austria) e Silvio Berlusconi (Itália).

Poucas vozes se colocaram em contrário a medida do Governo Francês. Foi o que fez em Bruxelas (Bélgica) a vice presidenta da Comissão Européia e responsável pela pasta da Justiça, Viviane Reding (Luxemburgo), dia 14, em entrevista coletiva. Reding fez menção ao ocorrido com as minorias étnicas nos momentos que antecederam e perduraram durante a Segunda Guerra Mundial.Até então, pouco havia sido comentado sobre a expulsão dos ciganos da França.

As reações as declarações foram imediatas por parte de Sarcozy, que provocou-a perguntando se seu país (Luxemburgo) receberia os ciganos que seriam expulsos da França. Mas, o pior estava por vir. No encontro de líderes europeus realizado no dia 16 deste mês, apenas o presidente da Comunidade Européia, Durão Barroso (pelo que dizem os presentes a reunião fechada à imprensa) ousou peitar Sarcozy. Todos os outros que concederam entrevistas coletivas após a reunião foram mais contundentes na reprovação a comparação entre a expulsão dos ciganos  e outras minorias étnicas sob governo dos nazis alemães, ocorrida na fase pré e durante toda a extensão da Segunda Grande Guerra.

O primeiro Ministro Nicolás Sarcozy, ainda saiu da reunião de líderes Europeus dizendo que a Alemanha também iria adotar os mesmos procedimentos postos em prática pela França. A declaração logo foi desmentida pela Chanceler alemã, Angela Merkel, mas o dito e o não dito já levanta alerta vermelho a um possível recrudescimento da política de circulação de cidadãos nos territórios que compõe a Comunidade Européia.

A Europa sucumbe, na atualidade, a uma avalanche de líderes de corte ideológico à direita, eleitos pelos cidadãos de boa parte dos países que integram a Comunidade (CE). O pior é ver presidentes ou primeiros ministros, como o espanhol Rodrigues Zapatero (Partido Socialista Obrero Español/PSOE), em declarações acanhadas ou colaboracionistas.

Numa Europa ainda bastante marcada pela crise que afundou a economia de muitos países e provocou uma recessão gigantesca em Estados como o espanhol (20% de desemprego), as ações de corte xenófobo parecem assegurar aos líderes que integram a CE um alívio às críticas e avaliação negativa para com os cortes nos empregos e salários. No caso da França, Sarcozy enfrentava perda de popularidade e, numa estratégia de marketing, avança sobre as leis regulatórias européias sob complacência da maioria da população e dos líderes eleitos, para atender uma parcela do eleitorado ultra direitista de Le Pen.

É um tipo de estratégia digno de repudio, seja em nível local (caso do Estado da Paraíba), seja em casos como o adotado na França. Nenhuma estratégia eleitoral a fim de conseguir algum quinhão de eleitores (à direita ou esquerda) se justifica com este tipo de procedimento. Nicolas Sarcozy, no momento, ganhou a simpatia (muitas silenciosas) de quase totalidade de líderes europeus. Alguns deles, ainda ontem, eram defensores das liberdades das etnias e repudiavam estas viradas à direita. 

As justificativas, quer sejam na França, quer sejam na Paraíba, são sempre as de melhorar ou dar “um salto” para os avanços e bem estar dos seus concidadãos. Ainda pior é ouvir de pessoas os seguintes argumentos:É ingênuo demais afirmar que ... "traiu" um pensamento de esquerda que vigorou na PB desde os anos 80, quando jovens na UFPB empreenderam greves e movimentos que colocaram a instituição na vanguarda dos movimentos estudantis e, quiçá, sindicalistas deste país.”.

domingo, 12 de setembro de 2010

O trem como integração e modelo de mobilidade



O que pode explicar a ausência de trens de passageiro no Brasil? Falta de visão dos governantes, lobby dos donos de empresas de ônibus são as respostas mais plausíveis. O fato é que, além de um dos meios de transportes mais seguros que existem, os trens são possibilidades de integração.
Há pouco mais de 15 dias na Espanha para a realização de uma estância pós doutoral na Universidade de Vigo (através do Edital Erasmus Mundus17 que me garantiu uma bolsa de estudos), pude perceber como este meio de transporte é importante e como seu uso já faz parte da cultura da mobilidade interurbana do espanhol em particular e do europeu de modo genérico.
Os investimentos nessa área não param. Além dos modelos mais simples a Espanha prossegue na busca da integração através dos modelos rápidos, aqui denominados Auto Velocidad Espaõla (AVE). Em praticamente todas as comunidades há trechos sendo efetivados para uma maior integração nacional, mesmo que o país pareça uma colcha de retalhos quando se fala em diversidade cultural e política e onde afloram os mais variados ardores de independência de regiões do estado Espanhol, com mais intensidade mo País Vasco e Cataluña.
Mas o que mais impressiona são as rotas interurbanas, a exemplo das que existem na Comunidade Gallega. Podes tomar um trem de Pontevedra para A Coruña a cada hora, com variações mínimas de valores. Um bilhete individual neste trecho, com muitas paradas entre a estação de saída e a de destino , por exemplo, custa 10,90 Euros para adultos e 6,55 Euros para crianças (aproximadamente R$ 28,00 adulto).
Se a viagem tem menos paradas entre as estações de saída e destino o bilhete o bilhete tem um acrescimento de preço e custa 12,90 Euros para adultos e 7,70 Euros para crianças. Mas pode custar um pouco menos aproximadamente 1 Euro) se compras antecipadamente o bilhete de ida e volta.
O tempo do trajeto também varia entre as múltiplas saídas. A mais demorada leva 1 hora e 58 minutos e a mais rápida 1 hora e 28 minutos, ara uma viagem de aproximadamente 134 quilômetros. Bastante rápida se temos como referência os tempos médios de viagem em carro em estradas brasileiras. Para além das comparações o que se ressalta dessas viagens de trem entre cidades espanholas é a tranqüilidade e a segurança.
Um modelo que deveria ser copiado por autoridades brasileiras e a fase de eleições seria um bom momento para cobrar de candidatos mais esforços para implantação de linhas férreas entre cidades e estados. E que os empresários do setor rodoviários não vissem a iniciativa de uma concorrência saudável.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

OSMOSE!!!

Impressionante a semelhança entre o Ricardo Coutinho do Guia eleitoral (do dia 06 de setembro) com Cássio Cunha Lima. Entonação, gesticulação, pausas na trajetória da fala, etc. Só faltou um verso, uma prosa. Por um momento apertei os olhos e pensei estar vendo o guia dos candidatos ao senado. Que nada. Voltei a abrir os olhos e lá vejo o cenário asséptico com o candidato do PSB ao governo do Estado. Até a roupa aos poucos está sendo mudada. Abandonou a cor laranja (que sempre nos lembra outros significados menos puros) para adotar o azul tucano.
Metamorfose pura. Pus-me na condição de psicólogo. Claro que não tenho aptidão nem capacidade. Mas me imaginei a frente de um divã com aquele vídeo passando a minha frente tentando entender/explicar significantes mudanças. Convivência, só pode ser isso. Outro dia vi uma reportagem na TV que mostrava como os animais assumem comportamento parecido a dos seus donos: achaques, tiques nervosos, modo de caminhar. É isso, pensei. A convivência explica tudo!!!
Logo, imaginei, se Ricardo assumisse o Palácio da Redenção poderíamos ver além das simples semelhanças na forma de falar e gesticular.Poderíamos também vê-lo semelhante na forma de governar. Poderíamos, em pouco anos, ter a volta dos cheques da FAC; as fantásticas, hollywoodianas e rotineiras fugas das prisões através de túneis que passavam por baixo dos muros da penitenciárias de segurança máxima. Seria possível contemplar os vôos magníficos de valores em espécie das janelas de edifícios?
Era muito até para simples conjectura. Abandonei o papel de psicólogo. Os indícios de semelhança não chegariam tão longe. Tudo bem, refleti, isso é estratégia de campanha eleitoral.O próprio Coutinho disse, em outra inserção do horário eleitoral, que suas companhias não passavam de uma maneira de ganhar tempo no horário eleitoral, para fazer frente ao seu oponente na corrida ao Palácio da Redenção. A estratégia pode explicar tudo. Seguramente, é com base estratégia que Ricardo explica as loas proferidas ao senador Zé Maranhão na eleição de 2006 e nas bem recentes inaugurações de obras de seu governo, na cidade de João Pessoa (quando havia verba liberada através de gestões).
Claro. Depois de ler a explicação da necessidade de compartilhar projeto e ações de governo como senador democrata Efraim Morais e o tucano e ex-governador cassado Cunha Lima, tudo ficou esclarecido. Fica assim entendido: o lobo, para se fazer amigável com o rebanho de ovinos usa a pele do cordeiro. Assim, pode ser confundido e suas ações e gestos não eliminam o predador. Embaixo daquela pele há e haverá sempre um lobo.
A explicação do ativista cultural é bem convincente, se temos sempre em mente a parábola do lobo em pele de cordeiros. Mas, lembrei também da explicação de um colunista muito respeitado, badalado e lido na província sobre mudanças comportamentais. O emprego que fez do termo osmose aplica-se muito mais favoravelmente com tamanha mudança de comportamento. Assim Ricardo Coutinho estaria passando por um momento de osmose, não como é definido para as substância químicas, mas como aplicado na gíria brasileira e que o Aurélio explica muito bem: “namora um economista com a ilusão de aprender economia, por osmose”.

sábado, 4 de setembro de 2010

Zoneamento JP: a estreita linha vermelha

A polêmica iniciada pela oposição a respeito da possível infração a Legislação sobre a ocupação indevida de Zona de Proteção Ambiental para instalação de usina termoelétrica em João Pessoa pode ser apenas a ponta do novelo em que pode estar enredada a questão da ocupação do solo. Se a Justiça ordenou a derrubada de edifícios localizados nas imediações do Aeroclube da Capital, imaginem o que pode render com outros empreendimentos imobiliários autorizados pelos secretários e técnicos da Prefeitura de João Pessoa, em áreas tão protegidas por lei quanto a da Usina Termoelétrica .

Sobre essa questão tive uma rápida conversa com o vereador do PSB, Bira Pereira. Ele não deu muita importância para os danos que tais empreendimentos poderiam causar (alagamentos devido a impermeabilização do solo, assoreamento de fontes de água, de rios e riachos que ainda existem na cidade) e, sobretudo, para as implicações de ordem jurídica em que poderia estar envolvido o atual prefeito de João Pessoa, Luciano Agra. Bira deu de ombros, talvez porque não acredite da eficácia da oposição ou ainda que ela não mirou o alvo correto. Talvez acredite que a Justiça não estaria interessada em assuntos que envolvam a ocupação urbanística das Zonas de Preservação.

Aliás, se a oposição estiver certa sobre a mudança de mapas do Zoneamento de João Pessoa sem a devida autorização da Câmara Municipal e sem o devido respaldo legal, poderá custar até mesmo o mandato de Agra. De fato é inadmissível que qualquer mandatário altere as leis para beneficiar este ou aquele grupo de empresários seja do setor energético, seja da construção civil. Se isso realmente foi feito Luciano Agra poderá ser apeado do cargo. Basta mostrar à população (se realmente isso estiver ocorrendo) os males (principalmente aos que moram nas áreas mais baixas e nas proximidades dos rios) e os risco que passarão a ter que conviver.

Do ponto de vista da Justiça é só tomar como exemplo as últimas decisões: retirada de barracas de parte da orla da Bahia e, ainda por concretizar, nas barracas da praia do Bessa, na Paraíba. Sem contar com a possibilidade da derrubada de algumas edificações nas imediações do Aeroporto. Se a vigilância dos vereadores e das Procuradorias do Meio Ambiente, em âmbito estadual e Federal aprofundarem as investigações sobre a ocupação do solo de João Pessoa nas Zonas de Preservação, é possível que tenhamos muitas novidades.

Os secretários municipais que por ventura tiverem autorizado a urbanização destas áreas podem pagar muito caro. Mas, é claro, tudo ainda está no âmbito das especulações. Faltam documentos que atestem as infrações. E não precisa ser mais que uma, seja ela para instalação de usina termoelétrica, seja para instalação de alguns condomínios fechados.

É abrir olho, estar vigilante e, se confirmadas ponderações dos vereadores de oposição, o bicho pega. Principalmente numa relação de empate técnico nos votos dos vereadores. Neste caso, o empate técnico será resolvido por ninguém menos que o possível próximo Prefeito da Capital, o pepista Durval Ferreira.
É mole?