sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Europa: volver à direita

A expulsão dos ciganos de origem romena e búlgara do território francês é mais uma demonstração do recorte ideológico à direita que atinge o continente Europeu. A França, de Nicolas Sarcozy, argumenta que a ação tem respaldo legal e tenta impedir a concentração de ilegais. A atitude do governo francês possui antecedentes com as posturas dos ultra direitistas Jorg Haider (Austria) e Silvio Berlusconi (Itália).

Poucas vozes se colocaram em contrário a medida do Governo Francês. Foi o que fez em Bruxelas (Bélgica) a vice presidenta da Comissão Européia e responsável pela pasta da Justiça, Viviane Reding (Luxemburgo), dia 14, em entrevista coletiva. Reding fez menção ao ocorrido com as minorias étnicas nos momentos que antecederam e perduraram durante a Segunda Guerra Mundial.Até então, pouco havia sido comentado sobre a expulsão dos ciganos da França.

As reações as declarações foram imediatas por parte de Sarcozy, que provocou-a perguntando se seu país (Luxemburgo) receberia os ciganos que seriam expulsos da França. Mas, o pior estava por vir. No encontro de líderes europeus realizado no dia 16 deste mês, apenas o presidente da Comunidade Européia, Durão Barroso (pelo que dizem os presentes a reunião fechada à imprensa) ousou peitar Sarcozy. Todos os outros que concederam entrevistas coletivas após a reunião foram mais contundentes na reprovação a comparação entre a expulsão dos ciganos  e outras minorias étnicas sob governo dos nazis alemães, ocorrida na fase pré e durante toda a extensão da Segunda Grande Guerra.

O primeiro Ministro Nicolás Sarcozy, ainda saiu da reunião de líderes Europeus dizendo que a Alemanha também iria adotar os mesmos procedimentos postos em prática pela França. A declaração logo foi desmentida pela Chanceler alemã, Angela Merkel, mas o dito e o não dito já levanta alerta vermelho a um possível recrudescimento da política de circulação de cidadãos nos territórios que compõe a Comunidade Européia.

A Europa sucumbe, na atualidade, a uma avalanche de líderes de corte ideológico à direita, eleitos pelos cidadãos de boa parte dos países que integram a Comunidade (CE). O pior é ver presidentes ou primeiros ministros, como o espanhol Rodrigues Zapatero (Partido Socialista Obrero Español/PSOE), em declarações acanhadas ou colaboracionistas.

Numa Europa ainda bastante marcada pela crise que afundou a economia de muitos países e provocou uma recessão gigantesca em Estados como o espanhol (20% de desemprego), as ações de corte xenófobo parecem assegurar aos líderes que integram a CE um alívio às críticas e avaliação negativa para com os cortes nos empregos e salários. No caso da França, Sarcozy enfrentava perda de popularidade e, numa estratégia de marketing, avança sobre as leis regulatórias européias sob complacência da maioria da população e dos líderes eleitos, para atender uma parcela do eleitorado ultra direitista de Le Pen.

É um tipo de estratégia digno de repudio, seja em nível local (caso do Estado da Paraíba), seja em casos como o adotado na França. Nenhuma estratégia eleitoral a fim de conseguir algum quinhão de eleitores (à direita ou esquerda) se justifica com este tipo de procedimento. Nicolas Sarcozy, no momento, ganhou a simpatia (muitas silenciosas) de quase totalidade de líderes europeus. Alguns deles, ainda ontem, eram defensores das liberdades das etnias e repudiavam estas viradas à direita. 

As justificativas, quer sejam na França, quer sejam na Paraíba, são sempre as de melhorar ou dar “um salto” para os avanços e bem estar dos seus concidadãos. Ainda pior é ouvir de pessoas os seguintes argumentos:É ingênuo demais afirmar que ... "traiu" um pensamento de esquerda que vigorou na PB desde os anos 80, quando jovens na UFPB empreenderam greves e movimentos que colocaram a instituição na vanguarda dos movimentos estudantis e, quiçá, sindicalistas deste país.”.

Um comentário:

  1. Olá, professor Derval.
    Gostaria de entender melhor a relação entre esse caso da França e o que acontece no estado da Paraíba. Você compara, mas não consigo ver relação. Você poderia explicar melhor?
    E de quem é o último trecho, entre aspas? Foi escrito por alguém?
    Obrigada

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