quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A crise econômica espanhola, a greve dos trabalhadores e a possível ascensão do direitista Partido Popular

Não houve vitoriosos nem vencidos na contabilidade da Greve geral convocada pelas duas maiores centrais sindicais espanholas, a Unión General de los Trabajadores (UGT) e Comissiones Obreras (CCOO).  Mas é verdade que, embora de pouca efetividade prática, a greve ocorrida dia 29 de setembro ajuda a enterrar ao Governo de Luiz Rodriguez Zapatero e o Partido Socialista Obrero Español (PSOE).
As motivações para a existência da Greve Geral ocorreram depois da aprovação da Reforma Trabalhista do Governo socialista de Luiz Rodriguez Zapatero. A gota d´água foi a aprovação da extensão idade mínima para aposentadoria integral, de 65 para 67 anos, embora existam outros pontos em que haja discordâncias entre Governo e Centrais Sindicais (que integram a base social do Governo e do PSOE).
As centrais sindicais também se anteciparam na indicação do que poderá ocorrer, caso o orçamento do Governo rebaixe os quantitativos de ajuda para os desempregados e para cursos de capacitação que possibilitam a entrada no mercado laboral. Os lideres das Centrais Sindicais dizem que esta Greve não pretendia derrubar ou mudar o Governo, mas para mostrar que os rumos da política/reforma trabalhista devem ser mudados.    
O fato é que as últimas sondagens de opinião apontam para uma diferença de quase oito pontos percentuais entre os dois maiores partidos da Espanha, com vantagem cristalina para o direitista Partido Popular, liderado atualmente pelo gallego  Mariano Rajoy.
A vantagem do Partido Popular se funda, sobretudo, na elevada taxa de desemprego, hoje varando entre 18 e 20%. Mas não é só isso: apesar dos esforços e investimentos públicos para amenizar os efeitos da crise mundial iniciada em Wall Street (EUA), o Governo espanhol conseguiu, no máximo, estancar o incremento de novas demissões. Elas continuam ocorrendo, mas, é verdade, com uma velocidade bem inferior à registrada em 2009 e ainda no início de 2010.
Soma-se a elevada taxa de demissões a dificuldade de milhares de jovens em conseguir o primeiro emprego. Ou seja, além das demissões ocorridas e ainda em paralisia reversiva, o Governo do Partido Socialista está acometido pela ausência de criação de oportunidades para o primeiro emprego.
O Governo espanhol encontra-se em situação de extrema dificuldade: ou implementa ações para a criação ou reversão do desemprego (tendo inclusive de lançar mão da diminuição de gastos sociais) ou pode se considerar afastado do Palácio da Moncloa, em 2012.
Para continuar com chances na disputa eleitoral, o atual governo tem apenas um ano e meio, até que novas eleições aconteçam. Zapatero conseguiu recentemente aprovar o orçamento para a legislatura, que estava emperrada por não ter votos suficientes no parlamento. Através de um acordo com o Partido Nacionalista Vasco (PNV) - lê-se Basco - conseguiu um suspiro e não foi forçado a convocar antecipadamente as eleições.
Se isso ocorresse neste momento, seria a consolidação de uma derrota que poderia ser considerada a mais volumosa desde o retorno da democracia em terras del Quijote.
Enquanto isso, no novo Continente e num país comandado por um torneiro mecânico detestado pela grande imprensa do eixo Rio/São Paulo, os índices de aprovação ao Governo chega aos 80%. É mole?  

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