A ausência no evento patrocinado pelos integrantes do Partido Progressista e remanescentes do Grupo da Várzea (Ribeiro/Veloso/Borges), em Campina Grande, fez com que o governador cassado, Cássio Cunha Lima (CCL), tivesse que agüentar alguns desabafos de ghost writer ou porta-voz oficioso do prefeito Ricardo Coutinho. Sob o título “Cássio cadê você”, o jornalista/torcedor desfere alguns comentários sob encomenda cobrando definição do apoio ao prefeito da Capital e pleiteante ao Governo do Estado, Ricardo Coutinho (RC).
O jornalista/torcedor solicita aos seus leitores que compartilhem de sua análise da seguinte forma: “Tudo isso, analisem comigo, imprime um prejuízo incomensurável ao ex-governador. Cássio deixa de vincular a importância de seu apoio ao projeto do prefeito Ricardo Coutinho, rejeita convite de aliados políticos e, o pior, fica impedido de, publicamente, imprimir o tom de oposição ao governo Maranhão III.”
E não para por aí. Ele estabelece prazo para o governador cassado, CCL abrir o verbo e assumir de vez a paternidade ou apadrinhamento da candidatura de Ricardo Coutinho ao Governo do Estado e premedita: “Quando chegar essa hora, será momento de Cássio refletir se não chegou o momento de perder a ternura e endurecer o discurso.O que ele mesmo está prevendo para o final de novembro...”
De fato, o prefeito parecia muitíssimo desapontado com a ausência do padrinho de sua candidatura num momento que ele mesmo havia ajudado a preparar com mimos enviando à Campina Grande parte do seu staff de primeira linha. Queria ter a garantia da grandiosidade nas imagens de mãos dadas com CCL. Tanto assim que algumas pessoas perceberam, na entrega do prêmio de melhor jardim (uma destas perfumarias travestidas de concurso promovido pela Prefeitura Municipal de João Pessoa) um discurso de perda, enfadonho e desprovido de vigor.
Era o show esperado, a concretização de uma aproximação com a família que um dia o deputado Ricardo Coutinho havia taxado de oligarca, quando tentava concorrer à Prefeitura de João Pessoa, pelo Partido dos Trabalhadores, e tinha o deputado Luis Couto como opositor. “Esta aliança em Campina fere a resolução do PT de ser contra quem apóia FHC como Cássio. Depois, não se pode dar suporte a oligarquias que, há muito mandam na política do Estado”, afirmava Coutinho.
O fato é que o roteiro de novela mexicana preparado pelo staff do prefeito da Capital havia previsto os seguintes atos e cenas:
1) O staff de RC torcia para que Maranhão não assumisse o Governo do Estado, não sendo CCL cassado ou se o Tribunal Superior Eleitoral decretasse eleições indiretas.
2) Com qualquer dos resultados acima o staff do prefeito argumentaria para os partidos que estiveram juntos nas eleições de 2006 que Zé Maranhão não dispunha de fôlego para um novo pleito para o Executivo Estadual, em 2010, e apresentariam a candidatura do prefeito da Capital como alternativa que manteria o grupo unido.
3) Falhos na operação dos primeiros capítulos fizeram com que os roteiristas mudassem o final feliz imaginado. Buscaram o patriarca e senador atirador, Ronaldo Cunha Lima em sua residência, num comportamento já realizado por outro postulante a cargo executivo e cuja iniciativa foi considerada abominável.
4) Ricardo Coutinho pede para que esqueçam tudo que disse do grupo liderado pelos Cunha Lima e implora uma aliança com o tucanato na Paraíba.
5) O senador Cícero Lucena, mesmo com a promessa de volta a prefeitura de João Pessoa facilitada pelos integrantes do staff de Ricardo Coutinho, rejeita a parceria.
6) Indefinição do sucessor do patriarca, mesmo que seus vassalos já tenham quase que em totalidade bandeado para a candidatura do PSB.
7) Ghost Writer prevê para ainda este mês o rompimento oficial dos oligarcas Cunha Lima (segundo Ricardo Coutinho) com o senador Cícero Lucena.
8) Ato 1 - anúncio dos comerciais, suspense para o próximo capítulo.
Derval Golzio