segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Recife não serve de modelo à Paraíba

As eleições 2010 trouxeram um debate baseado em comparações entre os Estados do Nordeste. Boa parte do foco dos candidatos confrontou a economia e a posição que ocupa a Paraíba no ranking regional. De fato, as desigualdades econômicas que registram os vários estados da federação são flagrantes. Mas, apesar da desigualdade é importante ressaltar que, embora mais ricos que alguns, os estados da Bahia e Pernambuco apresentam uma grau elevado de pobres e miseráveis também superior a muitos que não possuem uma economia tão pujante.
Ao contrário do que entoa a canção “Miséria”, dos Titãs, que minha geração cantou à exaustão, ela não incide da mesma forma “em qualquer canto”. Não se pode comparar uma família que vive com menos de 100 reais em uma área rural com as que vivem nas periferias das cidades. O fundo de quintal, e a agricultura de subsistência, muitas das vezes propicia o apoio necessário ao combate à fome. Nos centros urbanos, esta possibilidade é infinitamente reduzida e, mesmo quando conseguem algum tipo de trabalho ocasional, os valores não são compatíveis com a necessidade familiar.
Talvez isso explique a violência registrada na Capital pernambucana e que a faz conhecida mundialmente. Recife figura internacionalmente entre as cidades mais violentas da América Latina. Concentra o maior percentual de morte entre crianças e adolescentes de todo o Continente e cuja proporção supera a cifra de 158 para cada 100 mil habitantes. É fundamental deixar claro que esta estatística não é tão recente e data de 2007. No entanto, não há evidencias de que o grau de violência de anos atrás tenha arrefecido. Muito ao contrário, ela passou a ser exportada para os estados vizinhos.
Riquezas, de fato e ainda como diz a canção do Titãs, são diferentes. Mas também a miséria, que faz brotar e difundir a violência. Nem mesmo a Ciudad Juárez, no México, dominada pelo narcotráfico, é tão violenta para crianças e adolescentes quanto a cidade do Recife. Como segundo Estado mais rico da região Nordeste, Pernambuco não conseguiu reverter essa difícil realidade, nem mesmo com a presença de um Governador mais “novo” e “moderno”. O que nos leva a constatar que não são as frases de efeito que fazem transformar a realidade cruel que marca a miséria em algumas cidades brasileiras, mas políticas públicas eficazes.
A Paraíba (R$ 4.165 de PIB per capita), apesar de configurar como um dos Estados mais pobres da Federação, dista do Ceará apenas cinco reais (R$ 4.170). Do vizinho Estado de Pernambuco a diferença é muito maior (R$ 5.730 de PIB per capita), segundo dados de 2004. O importante, quando comparamos, é entender que, para além dos sinais de riqueza de um ou outro Estado da Federação, nosso vizinho governado pelo socialista Eduardo Campos não pode nem deve ser referência para aferirmos qualidade de vida.
Apesar do visível aumento da violência na Paraíba, estamos muito longe de ser taxados como  o Estado que abriga uma das cidades mais violentas da América Latina. Este título ainda pertence a Recife e ao vizinho Pernambuco. Torço para que mude, mas os paraibanos não possuem nenhuma inveja destes dados estatísticos. Muito menos quer tê-los como referência.
fac smile do jornal EL PAÍS: Recife aparece como cidade mais violenta do continente





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