Revitalização!!! Este substantivo tem sido empregado com relativa recorrência por candidatos em fase de campanhas eleitorais. Há cerca de 6 anos ouvi de determinado candidato a prefeito que revitalizaria o Centro Histórico de João Pessoa. Eleito, até ensaiou alguns eventos artísticos (incluindo a transferência da Festa das Neves para a área do Varadouro), numa clara maquiagem ao significado do termo revitalizar, voltar a dar vida. Os shows minguaram, a Festa das Neves voltou para o lugar de onde nunca devia ter saído e o que era promessa de vida voltou a seu abandono tumular.
Passaram-se quatro anos. O momento era de reeleição. Novamente uma grande promessa de revitalização. Desta vez um nome no mínimo bizarro era empregado para dizer o que o já prefeito iria fazer pelo Centro Histórico de João Pessoa: “Moradouro”. Traduzia-se em dotar sete casarões antigos em 35 apartamentos para famílias sem teto ou moradoras de áreas de risco. Uma estratégia de marketing quando a Capital completava 423 anos que nunca foi além da ordem de serviço, e tinha previsão de ser assinada no dia 6 de setembro. (ver notícia divulgada no site da PMJP sobre ordem de serviço com a Caixa Econômica Federal em 31/08/2008 clicando no link http://www.joaopessoa.pb.gov.br/noticias/?n=9189.)
Passaram-se os anos. O prefeito reeleito nada fez e o que deveria ser Moradouro passou a ser visto como matadouro (as edificações continuam em processo de abandono e desmoronamento). As razões para mudança da denominação Moradouro para Matadouro decorre da construção da Praça de Concreto do Ponto de Cem Reis (que também integra o Centro Histórico e foi descaracterizado por tamanha aberração arquitetônica). Até os minguados shows foram reconfigurados para a frente do Hotel Palace enterrando de vez com a velha, surrada e descumprida promessa de revitalização do Centro Histórico.
Novamente, agora como candidato ao Governo do Estado, Ricardo Coutinho promete revitalizar o Porto de Cabedelo. A técnica e apelo usados são os mesmos. Na verdade esconde uma estratégia de agrado, de submissão e de comprometimento de uma das excelentes possibilidades de desenvolvimento econômico do Estado, sobretudo da região metropolitana de João Pessoa. Milhares de empregos e um montão de possibilidade de negócios poderão empacar com mais esta “revitalização” no modelo Coutinho.
A construção do Porto de Águas profundas não inviabiliza o Porto de Cabedelo, que passará a atuar como uma extensão. Aqui em Vigo, há 30 minutos da cidade de Pontevedra (onde moro temporariamente até fevereiro) existe um Porto dos mais importantes da Espanha. Ele está compartimentado em porto pesqueiro, estaleiro naval (construção de navios), de circulação de mercadorias e esportivo. Cabedelo deverá, como ocorre aqui em Vigo, integrar o Porto de Águas Profundas, como parte extensiva de todo o complexo.
O que Ricardo Coutinho tenta, com seu discurso de revitalização, é esconder um projeto de submissão pautado por uma possibilidade de ver, num futuro próximo, a concretização de um projeto de poder do PSB. Este projeto está pautado pela possibilidade de ter o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, como candidato à Presidência da República. Mais. Também mantém, como ocorreu com os coronéis que dominavam a política paraibana nas décadas de 20 e 30, o favorecimento ao estado de Pernambuco. Para tanto, manter o escoamento e entrada de mercadorias sem concorrência é fundamental.
O abandono à propostas e compromisso parecem virar regra em Coutinho. A aliança feita com tucanos e democratas também sinaliza para um quase abandono a candidata petista à Presidência da República. Dilma já não tem o mesmo assédio por parte dos coordenadores da campanha de Ricardo Coutinho. Aliás, é só analisar a filiação dos principais integrantes da coordenação política e de campanha. Sem tirar nem por, pertencem a partidos que integram a composição que apóia Serra à corrida presidencial.
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